Sempre acompanho o que o Nuno Ramos faz, pois sempre gostei e achei um artista forte, tanto pelo que escreve como pelo que faz em artes plásticas. Mas na última bienal, a sua mega-instalação de urubus é realmente muito pobre.
Ela não sustenta o belo discurso que ele faz para justificá-la. Sempre acredito que uma obra
de arte deve ficar de pé sozinha, sem os ditos e não-ditos. Diante das edificações enormes de concreto
não senti nenhum ou qualquer interesse ou força, e diante do som de Caetano Veloso, não vejo o que pode ser mais banal, com tanta grana envolvida. Esse é o Brasil B que ele quer mostrar? Gaste menos e faça pequenos quadros. Sinto pela queda brutal na produção de um excelente artista.
O que salva a mostra chata é a Pacavoa do Nelson Leirner, Cinthia Marcelle, dentre poucos outros.
O formato e a luz é ruim e é muito difícil sentar para assistir tantos vídeos...
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Luiz Ruffato, escritor
um prazer enorme foi poder conhecer o trabalho do escritor Luiz Ruffato, através do livro:
estive em Lisboa e lembrei de você. Se o livro de fato peca pela forma, muito pouco elaborada,
ganha muito na qualidade da expressão, no seu presente contínuo tão expressivo.
Muitas vezes, me identifico mais com este tipo de fluxo nas peças musicais que faço,
com a importância da força viva, expressiva e contínua do presente,
mais do que com um grande arco ou estrutura narrativos,
com uma trama mais complexa ou cheia de níveis e passagens.
As vezes, a maior qualidade de uma leitura e de uma escuta está mesmo no puro fluxo, no êxtase
do momento...mesmo que a arquitetura não seja boa. as vezes, é mesmo melhor valorizar
uma forma-ameba fluida, muito mais do que uma grande construção em forma de templo canônico.
sábado, 2 de outubro de 2010
música e historicismo
A música tem um especial interesse pelo historicismo. Recentemente, um músico "experimental" babalado, mas cuja música é, em geral, bastante chata e fraca, disse que hoje não faz mais sentido a figura do compositor, um indivíduo sensível, especial e dotado, e que o que conta é misturar coisas do momento e praticá-las ao vivo. quanto ao compositor especial, ele tem razão. quanto ao trabalho de composição, está redondamente equivocado. Ele é mais um que prega o real time shit: outro frequente sorriso demente do presente...(Mandelstein). Mas muito além da picaretagem, o que é interessante é que mesmo alguém que desconsidera a figura do compositor hoje (sendo que há muita gente criando coisas vivas de fato em composição!), ainda coloca a questão em termos históricos. Isso é engraçado no caso da música. Algo que as outras artes parecem ter deixado há muito tempo, esta preocupação e esta importância histórica do que se faz, este colocar-se na história. Sempre pensei que isto vinha das breguices biográficas dos grandes gênios, mas acho que vai muito além, no caso da música. Penso que vem do fato de ela ser algo tão efêmero, de não ser um objeto que dura no tempo....fico com a hipótese, por enquanto.
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