segunda-feira, 7 de novembro de 2011

minhocas auditivas e compulsão autobiográfica

Outro dia meu amor me disse que existe uma diferença entre folclore e tradição. Folclore seria a coisa fixada basicamente pela representação de uma tradição , ou no que ando estudando, pela stele, gestell (veja todos os termos mais ricos em alemão para representação como darstellung, vorstellung etc) origem que sentimos nas palavras estilo, estabilidade, estátua, instituição, estar, instalação etc. 
Já tradição é aquilo que muda, daí o compositor sempre lidar com ela e parecer, aos olhos dos moderninhos, um museu ambulante. Mas é exatamente por isto que ele fica, os outros passam. 
Excelente tese para me explicar uma série de elementos que tenho estudado sobre obsessão musical e compulsão auto-biográfica, um tipo diferenciado de narcisismo tão fortemente ligado à música, músicos ou musicófilos. O Lacoue-Labarthe sacou nisto coisas incríveis e deu algumas pistas, mas percebo que cabe a nós que trabalhamos com som dar alguns passos a mais na direção do entendimento da nossa sociologia do desespero. Fiz alguns calculos quantitativos em redes sociais e percebí que o desespero biográfico é 4.5 vezes maior em músicos ou musicófilos, por exemplo. Achei isso muito interessante. Apresentarei um trabalho sobre o assunto mais baseado em filosofia na Escola de Musica da UFRJ na sexta-feira. Assunto difícil...mas incrivelmente revelador. No Brasil, isto ganha cores pos-coloniais engraçadas, quando não enfadonhas....kkk.