domingo, 8 de agosto de 2010

deleuzianismo: por fora bela viola...

Lendo Deleuze sobre música, podemos perceber um certo besteirol transcendental,
 o qual privilegia a música sobre a pintura. A música atuaria na imaterialidade,
no campo da "intensidade pura, da textura desencarnada (tempo e onda sonora),
não tendo "espessura"". A linha nela "é filogênica", um phylum maquínico
passa pelo som, ponto de desterritorialização. O som nos invade,
nos impulsiona, nos atravessa"....Pergunta básica:
 não existe uma materialidade do som e uma virtualidade da pintura?
ou a idéia de materialidade só se afirma através do estado sólido? 
Bem, esta é uma discussão boba também.
O que irrita é a tendência a criar uma estratégia de sedução, ao se esconder atrás de palavras
como "filogenia", sem explicar bem seu emprego, provindo da teoria da evolução. 
 Não há erro ou engano em Deleuze, há sedução. 
E como com todo sedutor, uma hora a máscara da banalidade cai.
O problema maior não está no jargão chique e sedutor. O problema é considerar, por exemplo, o
seguinte : "agindo na imaterialidade dúctil do som, ela (a música) é mais fluida, mais livre e bem
mais eficaz que a pintura, sempre retida de alguma forma na espessura
do material e nos limites do suporte".

Raro ver tamanha generalidade banal sobre pintura, cuja força é justamente se liberar do suporte.
E o suporte da música (insturmentos, computadores, caixas), não se considera?
Em outros momentos ele irá falar disto, o que nos leva a crer que escreve o que convém ao momento
do que quer descrever. Então para que seduzir com generalidades?
O mesmo acontece com a  passagem em que Deleuze cita a frase de Vinteuil, de Proust, em Mil Platôs.
Basta ler um Joseph Jenkins para desmontar o sorvete coloré deleuziano.
Um filósofo conhecido vai se tornando banal por suas generalidades que se pretendem singularidades.

 Os conceitos podem encantar por anos, mas com a dedicação e cuidado, 
percebemos a "forçação de barra" aqui e ali, e o quanto ela é comum, especialmente neste autor. 
Não que não haja momentos de grande criação, ensino e pensamento. Deleuze nunca foi picareta,
como alguns quiserem colocar sem conhecer.
Mas, claro, ainda há o élan mítico em torno de Deleuze (como de outros), uma legião
de seguidores que se consideram deleuzianos, ou 
como diz um amigo, deleuziocratas. Ninguém se pergunta porque não há uma
seita em torno de um Jean-Luc Nancy, por exemplo. 
Como Onfray demonstrou com Freud, o mesmo acontece com Deleuze, Foucault, Derrida.
Eles viram amuletos e objetos de marketing notáveis; em parte, pela sedução do próprio texto, em
parte por seguidores com doses de marketing variáveis.






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