Procurar captar a essência da elite brasileira talvez seja uma das tarefas mais válidas e difíceis hoje em dia. Digo isto porque em geral o foco da origem da desigualdade, de todo bla-bla-bla social, está sendo colocado no lugar errado, em outros domínios, de forma que a elite fique sempre bem escondida e protegida. Gabriel Mascaro foi brilhante ao simplesmente "deixar falar" a arrogância elegante da elite esclarecida do país. Mais filmes como esse são essenciais para que a classe média e alta percebam a forma horrorosa como a elite pensa, com adornos de Penelope. Uma prepotência embutida na tentativa de tornar "simpática" a indiscutível prepotência de moradores de coberturas, em doses mais ou meos sutis. Alguns momentos são capazes de gerar até mesmo nojo e repulsa à nossa elite "cordial", para lembrar do Sérgio Buarque, pois a forma de pensar invertida desta elite aparece em diferentes cores de narcisismo e auto-sacralização, extremamente nítidas.
Sempre foi este um dos problemas do país: a forma de pensar e agir de sua elite...O filme escancara a falta de consciência destas pessoas, que se colocam como mais próximas do céu, e o que é mais triste: não apenas literalmente...Do cafetão principal do país à alemã exploradora, culturalmente "esclarecida", da madame que saca o que está acontecendo e se retira arrogantemente, ao seu filhinho deslumbrado, fraco e prepotente, do casal gay ingênuo e feliz à família deslumbrada pelo espetáculo dos tiros no rio de janeiro...
Grande sacada do Gabriel Mascaro!!Usar narcisismo dos ricos para mostrar a própria forma como pensam, quando pensam (e não se vangloriam)....e se a música do Cazuza tem alguma sentido, ele aparece aqui com seus graus violência revestidos por ursinhos de pelúcia, "Quando Nietszche chorou", e por aí vai....genial.
Espero que mais filmes deste tipo sejam produzidos sobre a elite deste país!
seja um link da entrevista do Gabriel.
http://www.youtube.com/watch?v=9uXK6uapIOw&feature=related
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
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