quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Entre, de Bonvicino

R. Bonvicino escreve muitas vezes de forma bem instigante e inteligente. Seus textos
críticos quase sempre dizem algo com força, coragem e direção.
Já Entre reúne alguns poemas que não condizem com isto, parece estar
no esteio do publicista globalizado, em meio a banalidade do sexo,
dos "horizonte e cápsulas". Talvez porque esperava mais dele.
Mas sempre é assim, na hora de fazer arte é que a porca torce o rabo.
Exemplo de onde a coisa não fica de pé..

"Etc 1" começa forte ("Tateava um morteiro e seu alcance"...."sondava o ânimo,
clandestino, de um elmo, seu afã"... verso-emboscada excelente...mas,
de repente,
"me sentia só
ao som das teclas de um piano"

catapum...cai nas garras do que critica...


Mais tarde no livro, parece
faltar um pouco de força na sondagem (crítica?) das kate-mocices e há um certo tom
enobrecedor do pilulyupismo da vida atual...just another world free-lancer in the marketplace?
Não, mas evidentemente, no ideal do cotidiano hiper-modernista,
o lado retrô do marxismo normalmente serve de guia para uma boa crítica:
o que chama de parnaso-marxismo é um ótimo conceito para descrever muitos comportamentos,
um verdadeiro achado.
Mas existem tantos possíveis quanto se queira: o kate-mocismo, a poesia pós-pop-globalizada...
tarjetas mil quando se quer criticar, onde qualquer detalhe de uma adversidade decadentista vira fácil estratégia de reabsorção para crítica ou mesmo para a arte.
Claro, há momentos lindos da poesia, onde a trança das palavras permanece em movimento.
Mas é sempre interessante ver como é fácil falar dos outros quando  em nossas "sorveterias globais" 
podemos observar uma alienação mais escondida do que aquela criticada com precisão como "inconsistência", publicismo ou romantismo meio barato em  textos que não os nossos,
como no que Bonvicino critica com precisão em Leminski.

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