quarta-feira, 31 de março de 2010

pontos e deveres: o regime universitário

Regimes universitários de pontos e deveres.... Talvez o melhor encontro entre Foucault e Deleuze seja a questão da sociedade de controle e seus mecanismos de manejo e contenção de sempre. Como professor, percebe-se rapidamente que o que preocupa boa parte dos alunos é mais o que ele deve fazer, como devedor, do que o que ele efetivamente faz (com as raras excessões que nos deixam vivos). O sistema, do qual como professores participamos sem qualquer força de mudança, é tão perverso, que o aluno em geral busca fazer apenas aquilo que é cobrado, onde o potencial imaginativo é tragado por tendências de consensualidade, onde o potencial criativo é lavado no cumprimento do trabalho orientado. Isto não é culpa nem de aluno nem de professor. Somos impotentes dentro do regime e precisamos viver. Estes mecanismos se reproduzem em diversas esferas: aumento de salário, coordenação e poder com base em estatística e opinião, concursos, eventos acadêmicos, regimes de participação e opinião no interior das instituições, regimes rígidos de signos no interior de estilos e produções, ideais supostamente utópicos reabsorvidos por  este manejo, válvulas de contenção baseada em "soluções de problemas" etc. O que fazer? Faça o seu trabalho produtivo com a maior independência possível, cumprindo o mínimo necessário dentro do sistema, e terá um mínimo de liberdade.  Não ligue para o que grupos reunidos pensam e fazem em relação a você, pois neste sistema de opiniões, pontos e consensos,  vale o lema do Braessens, em mais de dois, não passamos de um bando de idiotas...Produza com este mínimo de independência.

terça-feira, 30 de março de 2010

Karaoke

Um filme da Malásia chamado Karaoke é sinistro, revelador no bom sentido. Ele percorre ambientes sombrios e de pequenas luzes coloridas, sensações de alma comuns a todos hoje. O karaoke poderia ser visto como um reflexo distorcido de uma condição atual: a necessidade de sentir-se como marca de um lugar momentâneo, marca passageira por onde possamos nos sentir parte e todo em algum ponto da vida, bem longe do canto territorial da lavadeira, do canto do trabalho sistemático. Ele funda uma condição diferenciada, uma espécie atual de direito, onde o potencial kitsch é necessário, não apenas suficiente.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Reinaldo Azevedo e o facismo na mídia brasileira

"Foucault é um picareta" - frase emblemática do articulista (e o nome é perfeito) da revista Veja Reinaldo Azevedo, facista de primeira linha. Minha irmã bem lembrou que quando alguém diz um absurdo desses é para chamar para si os holofotes, coisa que consegue comigo e com tantos os que sentem suas injustiças. Ou seja,  Reinaldo Azevedo consegue nos manipular já que  é impossível não querer combatê-lo ou venerá-lo, dado o grau de injustiça que ele promove em várias frentes, graças ao facismo articulado de seus escritos. Um fato interessante é que as críticas ao blog do articulistas são censuradas, e apenas as elogiosas são publicadas.
Algumas de suas colocações sobre governo e política podem ser interessantes, mas o fundo ideológico é permanente, seu psdbismo e no geral, sua irresponsabilidade.