sexta-feira, 25 de maio de 2012

uma das sesnetas do novo livro a vir...


canto 2 - subterrâneo


sobre o teu cactário, uma pedrinha esbranquiçada repousa
estudamo-la sem nenhum saber fitoquímico avançado
a sombra projetada angaria a terra que não mais revolve
o grão de centeio estrangeiro enobrece algum dano moral
nessa garganta sem grito nem afta dos vasos e dos canteiros,
mudas surdas, estúpidas e inertes, repousam em folhas de açaí

sob avencas dorminhocas, os passos sombrios de um jabuti
lento caminho seco no terraço cheirando à cenoura
improviso idealizado na franca mitologia dos mosteiros
onde passo de morcego não fabrica mais o magistrado
à sombra das faíscas, mímicas livres de um outro bananal
fatiam o sol em fraturas mais velhas do as que o mito dissolve

barcos cansados do mar com asas, velas que o ar sempre volve
espalhados na planície de freqüências do ante-penúltimo siri
o entorno da poça esquecida nos pratos de um antigo castiçal
clama por outro sorvete fresco na prece da romaria vindoura
se acaso a sentinela dos eixos instituídos pelo cravo mais encravado
for mais viril que o leilão oferecido ao mascate dos novos morteiros

Charles, escoteiro mirim,  nas colinas sonoras de ventos e vespeiros
amolecendo salmos crispados com fetiches de autores em molde
chega à terra com os laços de fita de um Armarinho encalacrado
ao pedir algum troco mais doce pelos cantos e vales de um por aí
ou trocar rubricas de clara em neve nas cabines da manjedoura 
enquanto os áuspices defendem cesárias dos partos de via normal

a cerda parda não ferra cavalo na refinaria de algum honesto sal
ginga macia e suave na resistência oculta dos santos formigueiros
abranda infantil e  docemente um tijolo do poço em salmoura
tingindo de branco o vazio dos vermes que o jarro das fases envolve
inerte expoente,  lambida analítica, estátua tipográfica em língua tupi
estante de prazeres pesados no osso dos muros por cal acorçoado

Parnaíba em parênteses por corações em frágil tessitura e fardo
linha de frente dos calores e temores nas franjas de um tálamo abissal
fome recoberta das salas com finas telas que projetam algum guarani

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

face capital

tenho enorme dificuldade em entrar no facebook, ao contrário da maioria das pessoas
e de sites anteriores e blogs.
já tinha percebido que o fluxo de informação é como um capital, mas nunca 
tinha certeza até ler sobre o valor de exposição de Benjamin. diferente
do valor de uso e do de troca, o de exposição talvez seja o mais desenvolvido
na nossa época como capital, dada as facilidades comunicativas.
o fato de ser algo que vai rodando continuamente transforma o conteúdo
em capital mais facilmente.
vejo pessoas bem intencionadas recomendando esse valor  que eu mesmo não busco.
quando nos contentamos com muito trabalho e pouca projeção, tudo fica mais tranquilo.
fato é que esta exposição acaba te valorizando, mas pelo que vejo, gera muita
cegueira e narcisismo também.