canto 2 - subterrâneo
sobre o teu cactário, uma pedrinha
esbranquiçada repousa
estudamo-la sem nenhum saber fitoquímico avançado
a sombra projetada angaria a terra que não
mais revolve
o grão de centeio estrangeiro enobrece algum
dano moral
nessa garganta sem grito nem afta dos vasos
e dos canteiros,
mudas surdas, estúpidas e inertes, repousam
em folhas de açaí
sob avencas dorminhocas, os passos sombrios
de um jabuti
lento caminho seco no terraço cheirando à cenoura
improviso idealizado na franca mitologia
dos mosteiros
onde passo de morcego não fabrica mais o magistrado
à sombra das faíscas, mímicas livres de um
outro bananal
fatiam o sol em fraturas mais velhas do as que
o mito dissolve
barcos cansados do mar com asas, velas que
o ar sempre volve
espalhados na planície de freqüências do
ante-penúltimo siri
o entorno da poça esquecida nos pratos de um
antigo castiçal
clama por outro sorvete fresco na prece da
romaria vindoura
se acaso a sentinela dos eixos instituídos
pelo cravo mais encravado
for mais viril que o leilão oferecido ao mascate
dos novos morteiros
Charles, escoteiro mirim, nas colinas sonoras de ventos e
vespeiros
amolecendo salmos crispados com fetiches de
autores em molde
chega à terra com os laços de fita de um Armarinho
encalacrado
ao pedir algum troco mais doce pelos cantos
e vales de um por aí
ou trocar rubricas de clara em neve nas
cabines da manjedoura
enquanto os áuspices defendem cesárias dos
partos de via normal
a cerda parda não ferra cavalo na refinaria
de algum honesto sal
ginga macia e suave na resistência oculta
dos santos formigueiros
abranda infantil e docemente um tijolo do poço em salmoura
tingindo de branco o vazio dos vermes que o
jarro das fases envolve
inerte expoente, lambida analítica, estátua tipográfica em língua tupi
estante de prazeres pesados no osso dos muros
por cal acorçoado
Parnaíba em parênteses por corações em
frágil tessitura e fardo
linha de frente dos calores e temores nas
franjas de um tálamo abissal
fome recoberta das salas com finas telas
que projetam algum guarani